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Em tempos de Coronavírus, o novo ritmo da casa


Você também está se sentindo um pouco perdido com tudo que está acontecendo? As informações chegam a todo instante, numa velocidade assustadora. Muitas escolas já pararam e as famílias já vivem uma rotina completamente nova. Todos em casa, pais, filhos, às vezes, avós, tios, primos. Estamos tentando nos adaptar. Uma coisa é certa nesta história, o confinamento é inevitável e quanto mais levarmos a sério essa recomendação melhor será para todos.

É um tempo longe de qualquer outro tempo vivido até então. Não estamos em férias, embora não vivemos a rotina de sempre. Estamos todos juntos. O trabalho segue, remotamente, o estudo segue também. Mas não na modelagem padrão. A partir de agora, cada um, cada família tem que encontrar um caminho para seguir nessas semanas que virão. A pergunta é: e agora que estamos em casa o tempo todos, como preservar esse ritmo, ou melhor como criar um ritmo que seja possível para a família? Na Antroposofia, se fala muito de ritmo e não em rotina. O ritmo traz tranquilidade e segurança às crianças. Como agora não temos mais a escola e as atividades extracurriculares, esse ritmo terá que ser dado por nós.

Acordar mais ou menos na mesma hora, trocar de roupa, ir ao banheiro, arrumar a cama, tomar o café, escovar os dentes e sair de casa. O que para nós pode ser uma completa monotonia, para as crianças é segurança, é calma. Essa constância é fundamental pra elas, é o ritmo que elas tanto precisam.

Se observarmos a nossa volta, principalmente na natureza, podemos ver que tudo tem um ritmo: dia e noite, dias da semana, estações do ano, as frutas que nascem em determinadas épocas… Podemos fazer uma analogia também com o ritmo da nossa respiração. Um momento se está mais pra dentro (inspiração), brincando dentro de casa, tomando um lanche, a criança fica mais quietinha. Em outro momento (expiração), ela brinca no parque, corre, brincando livre dentro de casa mesmo… No momento de inspiração, a criança necessita da presença dos pais, já no momento da expiração, é a hora que podemos fazer as nossas coisas. A criança entende isso. O que não é saudável é 15 minutos de inspiração e presença e 2 horas de expiração. Isso não funciona, nossa respiração não é assim, lembra?

Quando tudo isso acontece de forma repetida traz a sensação de segurança, de confiança, pois já sabemos o que vai acontecer a seguir. Com a criança não é diferente e temos que ter isso ainda mais presente, pois ela está em processo de desenvolvimento e de formação. No caso dos pequenos, além de se sentirem mais seguros e confiantes, esse ritmo traz também saúde física e psíquica. Quando determinamos horários para que essas coisas aconteçam e repetimos isso diariamente, a criança internaliza. Significa que esse ritmo passa a viver dentro dela. Não precisamos dizer que já são seis da tarde e é hora do banho. Se o banho sempre estiver depois da hora de guardar os brinquedos e antes do jantar, por exemplo, isso se tornará natural e ela fará com tranquilidade.

É um tempo de ajustes. Uma boa ideia pode ser sentar a família toda ao redor da mesa e definirem juntos o novo ritmo da casa. A hora do estudo, a hora do trabalho dos pais, a hora da brincadeira, a hora da arrumação. É importante lembrar que tarefas enumeradas não significam nada se não houver consciência na escolha e repetição. Não precisa ser um ritmo ser rígido e imutável, é fundamental que tenha constância. Alessandra da Silva Ferreira Psicóloga Infantil

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